quinta-feira, 5 de junho de 2008

Soneto - Vinicius de Moraes




Solidão

Desesperança das desesperanças...
Última e triste luz de uma alma em treva...
– A vida é um sonho vão que a vida leva
Cheio de dores tristemente mansas.
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– É mais belo o fulgor do céu que neva
Que os esplendores fortes das bonanças
Mais humano é o desejo que nos ceva
Que as gargalhadas claras das crianças.
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Eu sigo o meu caminho incompreendido
Sem crença e sem amor, como um perdido
Na certeza cruel que nada importa.
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Às vezes vem cantando um passarinho
Mas passa. E eu vou seguindo o meu caminho
Na tristeza sem fim de uma alma morta.

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