sábado, 3 de outubro de 2009

Anencefalia - Até quando vamos deixar este assunto para "depois"?

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Anencefalia: estudo mostra magnitude

Os pequisadores Debora Diniz, Janaína Penalva, Aníbal Faúndes e Cristião Rosas descrevem a magnitude da assistência médica em casos de gravidez de feto com anencefalia, por meio de uma pesquisa empírica com médicos. O estudo foi realizado pela Anis, com o apoio da Febrasgo. Leia o artigo na íntegra, na Revista Ciência & Saúde Coletiva

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

De crime contra os costumes, o estupro passou a crime contra a dignidade sexual

Quando gritar não é suficiente
Por:Silvia Pimentel
Membro do Conselho Diretor da CCR, Jurista, Professora de Filosofia do Direito na PUC-SP

De crime contra os costumes, o estupro passou a crime contra a dignidade sexual

SÃO PAULO - Será justo, então, o réu Fernando Cortez, primário, trabalhador, sofrer pena enorme e ter a vida estragada por causa de um fato sem consequências, oriundo de uma falsa virgem? Afinal de contas, esta vítima, amorosa com outros rapazes, vai continuar a sê-lo. Com Cortez, assediou-o até se entregar. E o que em retribuição lhe fez Cortez? Uma cortesia...
INTIMIDADE INVADIDA – ‘O estupro é algo muito íntimo. Não raro a vítima evita contar sobre a violência até para o marido porque está no inconsciente que, quando o crime acontece, a mulher deu causa’, afirma Silvia Pimentel

A gentileza de Fernando Cortez indignou a jurista Silvia Pimentel. Tanto que, ao lado das pesquisadoras Valéria Pandjiarjian e Ana Lúcia Schritzmeyer, ela decidiu escanear outras cortesias do gênero pelas cinco regiões do Brasil. Diante de 50 decisões de tribunais de Justiça, as três compilaram tudo em livro e confirmaram o seguinte: o crime de estupro era o único do mundo em que a vítima é acusada e considerada culpada da violência praticada contra ela.
Isso foi em 1997. Silvia diz hoje ter vontade de fazer outra pesquisa, mas é bem possível que a essência do problema dispense atualização. Por sua experiência como vice-presidente do Cedaw, Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, organismo da ONU, o estupro continua entre o crime e a cortesia pelos hemisférios afora. Aqui, a lei nº 12.015, do último 7 de agosto, tenta apertar o cinto em torno da violência sexual, acomodando o atentado violento ao pudor sob a premissa do estupro no Código Penal. De crimes autônomos, tornaram-se um só. É por causa dessa mudança que o médico Roger Abdelmassih foi acusado de 56 estupros contra pacientes, e não de 53 atentados ao pudor e 3 estupros.
Uma das criadoras do Conselho Estadual da Condição Feminina, do Estado de São Paulo, fundadora do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), professora de filosofia do direito da PUC-SP, Silvia se diz uma aprendiz contumaz. A lição mais recente veio da última reunião do Cedaw, em Nova York, da qual é recém-chegada. Ali confirmou que o estupro ainda é estratégia poderosíssima em conflitos armados: O inimigo acaba com a autoestima da outra parte, as mulheres estupradas perdem a autoestima, seus maridos também, seus pais idem. No âmbito doméstico, ele continua abafado pelas conivências familiares. No meio jurídico, se não for por cortesia, por vezes vigora pelo padrão. In dubio pro stereotypo, diz Silvia, em frase de sua autoria, que ela aos poucos destrincha na entrevista a seguir.
A lei 12.015 é uma conquista das mulheres na medida em que suprime o atentado violento ao pudor e o inclui no artigo que trata do estupro?
É uma conquista, em primeiro lugar, porque os crimes sexuais deixaram de ser crimes contra os costumes. Até este mês, estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude e assédio estavam sob essa rubrica no Código Penal. A minha hipótese é a de que isso acontecia porque o estupro, em especial, é visto como um ato disfuncional da sociedade ofensivo aos seus bons costumes. Daí a veemência e repúdio ao delito em si, havendo o uso de expressões contundentes e desqualificadoras em relação ao estuprador. Contudo, ainda se expressa desrespeito também à parte ofendida, levantando dúvidas quanto às suas declarações e à sua própria moralidade.
O fato de unificar a expressão ‘atentado violento ao pudor’ com o estupro fará diferença quanto ao tratamento da vítima?
Acho que essa unificação responde de imediato a uma crítica quanto à linguagem. No ideário popular, a violência sexual máxima é o estupro. E ele designa mais do que a conjunção carnal com a penetração vaginal. Entendemos também como estupro a penetração anal, por exemplo. Ofende tanto quanto. Nos Estados Unidos, ambos são rape. Na Inglaterra, também.
Por que fazemos diferença aqui?
O direito brasileiro definia assim porque está ligado de uma maneira muito forte à ideologia patriarcal. A legislação penal que vigorou entre nós nos primeiros anos do Brasil foram as ordenações filipinas, e essas expressões todas derivam delas. A ideia de pudor, por exemplo, está intimamente ligada a recato, honestidade, virgindade, defloramento. Antes, cabia ao marido pedir a anulação do casamento caso sua mulher tivesse sido deflorada por outro homem. A questão da virgindade era o ponto alto. O estupro, visto apenas como penetração vaginal, é aquele que de fato compromete essa noção familiar porque a vítima pode perder a virgindade e ainda correr o risco de ficar grávida. Mas a nossa sociedade se transforma, e o direito existe para acompanhá-la. Hoje a palavra estupro designa mais do que designava. No artigo 213 da mesma lei, por exemplo, estupro significava constranger a mulher. Agora é constranger alguém, pode ser de ambos os sexos.
Nesse mesmo artigo, estende-se também como estupro ‘praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso’. De que ato libidinoso se trata aqui?
Se você quer saber se eu acho essa linguagem boa, eu vou dizer que não. Não acho. Primeiro, precisamos ler duas ou três vezes para entender quem é esse ele. Depois, ato libidinoso é muito amplo. No direito, muitas vezes existe indeterminação numa norma legal.
Onde está a definição de ato libidinoso?
Não está. Já deve existir uma definição por parte dos penalistas para isso, mas não é uma definição legal. Por não estar definida, paira certa vaguedad. Não gosto de traduzir para o português essa vagueza, é estranho demais. Os juristas argentinos, aliás, há muito tempo trabalham bem com esse conceito. De qualquer forma, a linguagem jurídica tem sempre de ser muito comunicativa.
Alguns homens já dizem que um beijo roubado pode torná-lo um criminoso... Um beijo roubado não vai torná-lo criminoso da noite para o dia, isso não deve ser encarado como estupro. Agora, não podemos nos esquecer do assédio sexual. Nesse sentido, meu projeto vai mais no sentido educativo do que o atual, propondo políticas internas nas empresas para uma atenção maior para o tema. Acho mais rico que trabalhem a questão do que punam. A ideia que temos é de que assédio sexual não é crime, mas é. Para caracterizar assédio sexual ele precisa ser de um superior, e muitos chefes têm esse tipo de procedimento. Eles se valem da relação de poder que têm no ambiente para obter isto ou aquilo em troca de benesses. Não é nada fácil comprovar um assédio sexual. É mais fácil comprovar o estupro, que deixa evidências para o IML.
Antes da lei, podia-se somar as penas de estupro com a de atentado ao pudor. Ou seja, chegaríamos a 20 anos de reclusão máxima, e não a 10. A pena foi, de certa forma, atenuada. Seria uma falha da unificação?
Em termos de Direito Penal, não me preocupo tanto com a quantidade da pena, e sim com uma tipificação clara, com uma penalização razoável e uma punição efetiva. E não estou dizendo, com isso, que os colegas que criticaram esse ponto estejam juridicamente incorretos. Ocorre que, muitas vezes, quando se estabelecia a soma das penas de estupro e atentado violento ao pudor, a pena ficava tão imensa que descaracterizava até o crime.
A senhora mencionou, no início da entrevista, que se levantam dúvidas quanto às declarações da parte ofendida. Isso ainda acontece com frequência?
Existem pesquisas, como a minha, que mostram que a palavra da mulher, especialmente a da mulher adulta, não é levada a sério. Muitos ainda dizem que ela quis ser estuprada ou se insinuou além da conta. Com as crianças, há uma boa vontade por parte dos operadores do direito. Ainda assim, se a boa vontade fosse tão grande, não teríamos uma prostituição de menores do tamanho da que existe no nosso país. Essa prostituição significa estupro reiterado pelos homens que mantêm relações sexuais com menores.
Em relação aos demais poderes, o Judiciário ainda é o mais resistente a essas reivindicações de gênero?
O Judiciário tem sido tradicionalmente apontado como poder conservador. Ao mesmo tempo, é ele, principalmente por meio das suas instâncias primeiras, que está trazendo luz a uma série de temas polêmicos. Um exemplo é a união civil homoafetiva. Esse projeto de lei, apresentado por Marta Suplicy há tantos anos, não consegue ser aprovado no Legislativo. Ao mesmo tempo, em nove Estados brasileiros e no Distrito Federal, temos decisões judiciais reconhecendo a união, de fato, de um par homossexual como aspecto de relação familiar.
Vem também da desconfiança quanto ao Judiciário a dificuldade de denunciar?
Existe essa dificuldade em todas as regiões do mundo, dos países mais modernos aos menos desenvolvidos. A violência sexual é algo muito íntimo, muito privado. Não raro a mulher evita contar sobre essa violência até mesmo para o marido. Ela se envergonha. Por quê? Porque está no inconsciente que, quando o estupro acontece, a mulher deu causa. Vou dar um exemplo. Uma aluna minha foi estuprada na Praça da Sé por volta das 18h30 num dia da semana. No seguinte, ela foi à faculdade. Estava mal, com a cabeça encostada na parede. No final da aula, ela e uma colega vieram até mim. A colega disse que ela queria contar do estupro. A menina estava tão chocada que nem retirou a calça jeans para ir ao banheiro desde a noite anterior. Ainda assim, não quis denunciar o caso na delegacia da mulher nem contar para os pais. O máximo que consegui foi orientá-la na parte médica. Pois a menina tinha um namorado. Três meses depois o menino terminou o relacionamento. Ela disse que ele passou a olhá-la de forma diferente depois que soube do estupro. Ela estava se sentindo culpada de alguma maneira. Ou seja: gritou, mas não gritou o suficiente. Impediu, mas não como devia.
O estupro é um crime que envolve muita reincidência?
Li muito a respeito, e em diferentes perspectivas, mas existe pouco estudo e conhecimento a respeito da reincidência. Agora, é fato que essas relações sexuais se dão muitas vezes com pessoas das próprias relações, como amigos e parentes. Isso torna a situação ainda mais difícil porque implica estabilidade de um relacionamento social que transcende o relacionamento com aquele tio ou aquele pai. A família inteira se envolve. É altamente provável que as mães saibam quando os pais reiteradamente têm relações com suas filhas. Dizer que não sabiam? Você acredita nisso? Eu, desde que tenho filho, tenho sonho leve. A gente fica atenta. Até porque isso se dá na própria casa, que em geral não é do tamanho de um Palácio de Versailles. Para manter o status quo, há interesses os mais óbvios, como os econômicos e financeiros, até dependência emocional e psicológica. Conheço casos de mães que praticamente negociavam a filha de 2 anos com o marido/amante/namorado para não perder o parceiro.
A senhora acha que a mudança da lei pode provocar protestos em torno do estigma de ser chamado de estuprador?
Quem praticava atentados violentos ao pudor não recebia essa denominação... Eu acho que a notícia de que alguém teria praticado mais de 50 atos hoje categorizados como estupros determina uma decisão diferente. Pode-se, pelo menos, mudar essa naturalização da violência sexual. Ser chamado de estuprador é, sim, muito forte, tanto que, quando o acusado chega à prisão, ele recebe uma sanção dos próprios presidiários no sentido do que os presos entendem por estupro. Veja o disparate, o nonsense da situação. Esses mesmos homens que estupram um estuprador que vai para a cadeia talvez tenham tido relações nunca sabidas com as próprias filhas. Onde está a lógica? O pai que tem relações incestuosas entende que tem o direito de fazê-lo. As meninas seriam suas coisinhas.
Por que os homens têm essa compreensão e, na cadeia, se julgam no dever ético de punir o estuprador?
Acham que os outros estupradores estariam colocando em risco suas próprias filhas e mulher, que são propriedade deles. Se o outro estupra minha propriedade (filhas e mulher), ele está invadindo/usurpando a propriedade alheia.
Pode ser que o agressor ache que não estuprou. Em 1996 estive no Peru, onde um jovem sociólogo havia entrevistado presos estupradores. Dali saiu um livro. Enfim, seus entrevistados eram presos condenados por estupro, todos na cadeia. O autor dizia que o mais chocante para ele foi olhar nos olhos desses homens e perceber que eles não tinham a mínima noção da ofensa que faziam. Diziam: Mas eu nunca machuquei a minha filha. Alguns não machucam mesmo, isso se dá pela sedução. Freud veio mostrar que existe o complexo de Édipo e o complexo de Electra. Nossa condição humana, o instinto do seres humanos, nos leva à atração. Agora, somos seres humanos, não somos animais irracionais. Devemos articular as nossas ações, que são razão e não-razão. Daí a importância de vivermos numa sociedade que tenha claro, como valor social e jurídico, o não-incesto.
Qual é a primeira ação tipificada como crime na sociedade?
O incesto. As pessoas têm que se organizar internamente, saber que uma sociedade civilizada repudia não só o incesto, mas qualquer violência sexual contra as mulheres, sejam elas pequenininhas, adolescentes, mulheres maduras ou idosas.
São muitos os casos de violência sexual contra mulheres idosas?
Em dados numéricos, não. Mas existe sim. Algumas pesquisas mostram que o estuprador compulsivo violenta a primeira mulher que aparece. Claro que as bonitas estão mais vulneráveis, e as crianças mais ainda, isso em todas as sociedades. Na ONU, venho falando muito nesse tema e vejo que minhas palavras causam mal-estar porque as pessoas não querem dar nome às coisas. A primeira coisa que devemos fazer quando descobrimos um problema é nomeá-lo.
A violência sexual permeia todas as camadas sociais?
Várias colegas minhas da área de psicologia e alguns de pesquisas dizem que é provável que os dados mostrando alta incidência de estupro nas camadas menos favorecidas têm relação com a menor intimidade delas. Nas camadas sociais mais altas, as questões vão para os divãs dos psicólogos e psiquiatras. Muitas mulheres de classe média alta podem não ter contado o que viveram aos maridos, mas certamente o fizeram aos seus terapeutas. O importante é lembrar que a divisão entre o mundo privado e o público sempre existiu, mas essa divisão foi questionada em termos históricos pelas mulheres feministas. Elas perceberam que o historicamente privado não pode continuar a sê-lo porque as maiores violências que acontecem contra as mulheres se dão dentro de casa. E em todas as camadas sociais.
Uma maior educação pode diminuir a incidência desse crime?
Não existe nenhuma pesquisa sobre isso. Na minha percepção, a educação precisa ter um papel nisso tudo, que é o de contribuir para o domínio sobre os próprios instintos.
Há dados a respeito de violência sexual praticada por médicos?
Eu desconheço. Talvez procurando no Conselho Federal de Medicina... O que posso dizer é que nunca vi ninguém fazer intervenção cirúrgica sem ter um assistente. Mas muitas pessoas não querem perder o emprego. Ao mesmo tempo, a mulher dizer que um médico tentou uma violência sexual contra ela é muito difícil. O parceiro sempre pode ter dúvida. Não é que o cara seja louco, mas isso está consoante com a maneira de se interpretar o fenômeno que mencionamos anteriormente. Além de se sentir culpada por causa do marido, ela se percebe muito coitada, fica fragilizada, machucada no âmago.
O estupro é a forma mais intensa de submissão?
Sim, é a forma mais intensa de submissão, uma arma muito usada na guerra, inclusive. O inimigo acaba com a autoestima da outra parte. As mulheres estupradas perdem a autoestima, seus maridos também, seus pais idem. Veja você o caso congolês. Há um filme chamado Rape in Congo, que foi passado para nós na última reunião da ONU. É uma grita geral porque os homens estão sendo estuprados. É óbvio que estou de acordo com que a gente grite por eles, mas por que não gritam igualmente pelas mulheres estupradas? Lembra-se das comfort women, famosas na 2ª Guerra Mundial? Justificou o ódio de uma grande região da Ásia em relação aos japoneses, que tomavam as meninas dos povos conquistados e as levavam aos locais onde estavam os guerreiros para que servissem de prostitutas. Têm sido feitos livros e pesquisas para que essas mulheres contem suas histórias.
Além do Congo, que outro caso recente de violência sexual foi ouvido pela ONU?
Foi um caso que envolve liberianos num campo de refugiados no Arizona (EUA). Uma menina liberiana de 9 anos foi estuprada por liberianos. Quando a família soube do fato, pôs a menina pra fora de casa. A Libéria tem uma presidente mulher. Ela se manifestou publicamente fazendo o seguinte: passou uma mensagem à família da menina dizendo que ela não poderia ter feito isso, mas passou outra ao governo do Estado americano no sentido de que deem a esses rapazes estupradores a possibilidade de se reinserirem culturalmente na sociedade. Como recebemos a Libéria exatamente agora, levantei o tema. Foi lembrado pela delegação deles que deveríamos considerar que o país ficou 14 anos em guerra civil e que ambas as facções ou grupos que brigavam entre si, partidos políticos que sejam, estupravam as mulheres da outra facção. O que estou verificando pouco a pouco é que o estupro em conflitos armados é um dos problemas mais universais e um dos que mais precisam ser trabalhados.
E como o Comitê Cedaw lida com esses casos?
Bom, nós lidamos diretamente com todos os países que ratificaram a Comissão da Mulher. Eles são obrigados a nos entregar relatórios de cumprimento dos 16 artigos de substância sobre os direitos femininos, dizendo o que fizeram e o que deixaram de fazer e apontando os obstáculos. Nós analisamos esses relatórios e encaminhamos perguntas a eles. Depois chamamos os representantes desses países e mantemos um dia inteiro de diálogo construtivo. Nesse trabalho na ONU, aprendi muito escutando grupos de ONGs que trouxeram mulheres violentadas. Vi que o curative rape ainda vigora em algumas regiões do mundo, em diferentes versões. Numa delas, meninas que chegam à puberdade e ainda não definiram sua sexualidade são violentadas para que optem pela heterossexualidade. Já em alguns grupos étnicos do Laos, as meninas são disponibilizadas para o estupro coletivo e até agradecem por isso. Se não forem estupradas, não viverão além de 35 anos. Acho que nenhuma sobrou para contar história diferente. Já na região da Mauritânia as meninas, quando fazem 9 anos, são amarradas a uma cadeira durante o dia. Em volta são colocados 18 litros de leite, uma quantidade enorme de cereais, isto e aquilo, para que engordem até 120, 130 quilos. Quando atingem esse peso, estariam no ponto para serem dadas aos seus esposos.
Qual é a crença?
Quanto maior forem, maior será o tamanho do lugar que ocuparão no coração do marido. O que cada vez mais aprendo dessas situações horrorosas a que as mulheres são submetidas é que há sempre uma justificativa comum: a sublimação é boa para a sociedade.

Fonte: Mônica Manir e Bruna Rodrigues - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

VESTIR-SE OU TRAVESTIR-SE DE POLÍCIA?

VESTIR-SE OU TRAVESTIR-SE DE POLÍCIA?...
(*Archimedes Marques)

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” (Rui Barbosa)

Junto a uma Sociedade em que também se clamam pela probidade administrativa. Junto a uma população em que ainda se tem a Policia como corrupta e criminosa está em meio às Instituições Policiais, a figura do digno Policial. A figura do verdadeiro Policial a cumprir a sua árdua missão de bem servir e defender a população, ao mesmo tempo em que paga em conceitos depreciativos pelas ações do falso Policial, pelas ações do travestido de Polícia.
Há muitas palavras que possuem significados outros e que são interpretadas de várias formas. Travestido é uma delas. O uso dessa largueza semântica é possível na língua portuguesa para expressar sentido diverso à palavra com a qual se queira transformar o seu entendimento. Assim, pode-se afirmar dentre tantos, que há “bandido travestido de Polícia”.
Antes de adentrarmos no mérito da questão do texto que tanto entristece e envergonha os homens e mulheres de bem que fazem a Polícia brasileira, colhemos as palavras eloqüentes de um verdadeiro e eterno Policial, o Delegado aposentado PAULO MAGALHÃES, hoje Advogado e Diretor do Portal Brasil Verdade: “Ser policial é um estado de espírito, é um fogo imortal que aquece a alma e enternece o espírito. É dar a vida pelo próximo sem se dar conta de que está indo para a morte, é chorar ao resgatar uma criança em perigo, é se controlar para não cometer um crime quando prende um estuprador. Ser policial é largar tudo quando um colega pede ajuda, “virar noite” e “dobrar serviço” para prender um autor de crime, é suportar a frustração do caso não resolvido.
Ser policial é sofrer ao se ver obrigado a prender um colega, mas também é não prevaricar quando foi este que optou “passar para o outro lado”, quando deixou de ser policial e tornou-se bandido, quando desonrou o compromisso e descumpriu o juramento, quando traiu a própria classe.”
Há um velho ditado em que se diz: “o justo paga pelo pecador”. Em vários sentidos da vida é assim. Em vários setores profissionais assim acontece. Em relação ao trabalho policial também é assim, e, as boas ações dos verdadeiros Policiais são esquecidas por conta das más ações dos seus falsos “colegas” então marginais travestidos de Polícia.
O bom Policial, o digno e leal Policial, aquele que veste a camisa da Polícia, aquele que verdadeiramente se veste completo de Polícia, paga, perante o conceito depreciativo de parte substancial do nosso povo, pelos atos insanos do falso policial, do impostor travestido de Polícia. Povo esse, que assim sempre generaliza: Polícia e marginal é tudo uma coisa só!
Entre todas as classes e Instituições Policiais estatuídas pela nossa Carta Magna podemos afirmar sem medo de errar, diferentemente do que pensa essa parte da população, que a maioria dos nossos valorosos membros é composta por pessoas honestas e dignas do distintivo que usam. São profissionais honrados e cumpridores dos seus deveres e obrigações, apesar dos parcos salários que percebem vez que, acima de tudo sentem eles, orgulho dessa nobre profissão. Essa maioria de Polícia em honradez vive além da sua missão instituída, em transire benefaciendo para com a sociedade a quem protege e que, em contra-senso a despreza.
Em contrapartida o que se vê é uma minoria dos seus membros, composta na verdade de marginais travestidos de Polícia, conseguir com os seus atos criminosos manter a tradição enraizada, fortalecida e generalizada no âmago do povo brasileiro de que a Polícia é desonesta e corrupta. Para muitos a Polícia é somente um mal necessário, quando na verdade, é instituição essencial de prevenção e repressão ao crime, é órgão protetor da cidadania. Sem a Polícia haveria o caos social.
Para outros existe a “banda podre da Polícia”. Quando se fala em banda de alguma coisa, subtende-se ser um pedaço razoável do todo, quando na verdade, em relação a Policia, esse pedaço é mínimo, mas preocupante e avassalador.
Quando falamos em Polícia, falamos de todas as nossas Polícias. Falamos de Delegados Estaduais e Federais, dos seus Escrivães, Agentes, Investigadores e Peritos Técnicos. Falamos de Coronéis, Ten. Coronéis, Majores, Capitães, Tenentes, Sargentos, Cabos e Soldados da gloriosa Polícia Militar. Falamos da Polícia Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e das Guardas Municipais que fazem a Segurança Pública do país.
A questão da corrupção Policial praticada pelo travestido de Polícia é, sem sombras de dúvidas, a mais séria e grave existente no âmbito da Segurança Pública, vez que o Policial é acima de tudo o “Guardião da Lei”, e para tanto tem que ser o primeiro a dar o exemplo.
No dizer do Advogado e Professor Universitário, LUIZ OTAVIO DE OLIVEIRA AMARAL: “Antes de ferir o patrimônio público ou particular, a corrupção degrada os valores íntimos de cada um, relativiza o costume e a cultura da virtude, anulando, pois, os pilares, os princípios (estrelas guias da jornada humana) que mantém a sociedade elevada e digna de seu próprio orgulho.”
De quando em vez a mídia divulga a corrupção ocorrida em algum setor público dos três Poderes. Relacionado ao nosso tema, acolhemos o que disse o nobre Jurista LUIZ FLAVIO GOMES, no seu artigo intitulado “Policiais brasileiros toleram a corrupção e a violência dos colegas”: (...) “o que vale, frente aos colegas de trabalho, é o pacto do silencio, a cumplicidade, a conivência. Um policial dificilmente “denuncia” um colega”. (...)
O verdadeiro Policial precisa estar ciente que parte de seus “irmãos em armas” desvirtuados da sua real missão, parecem, mas não são Policiais. Estão na Força Pública para extorquir, roubar, matar, prevaricar e protegerem-se atrás do distintivo, fazendo dos bons o seu escudo e dividindo com os honestos as críticas por seus atos corruptos.
O Policial de verdade deve se conscientizar de vez que não existe diferença entre o bandido comum e o bandido policial, e que ambos devem ser combatidos. Deve perceber também que o bandido policial é mais perigoso e difícil de vencer do que o comum, pois além de tudo, possui ele, quase sempre o respaldo de boa parte da instituição que erroneamente lhe dispensa o corporativismo, mesmo traindo os dogmas do ofício da carreira em nome de uma suposta “amizade” ou “respeito pelo colega de profissão.”
Polícia e bandido são opostos que não podem ser atraídos para o mesmo objetivo. Ser policial consciente é ficar contra os seus “amigos” ou “colegas” travestidos de Polícia que sempre esperam contar com a conivência ou benevolência de toda a corporação para a continuidade dos seus atos delituosos.
A experiência constante com os diversos setores da marginalidade molda o cérebro do indigno policial para a criação e aplicação de novos golpes criminosos, quase sempre não elucidativos. São realmente escorregadios, traiçoeiros e difíceis de ser desmascarados os falsos policiais.
Aquele que é marginal travestido de Polícia, além da prática usual das suas ações criminosas, realiza ele também, quando dos seus atos sérios e legais, verdadeiras “pirotecnias”. São as chamadas “ações pirotécnicas”, cinematográficas, que visam prestígio e fama perante a sociedade, justamente para encobrir os seus próprios ilícitos penais e administrativos e para a sua autopromoção pessoal e profissional.
Os “shows pirotécnicos” quase sempre postos em prática pelo travestido de Polícia são os itens projetados a partir de determinada ação Policial em reação ao crime e seus autores em que são aumentados substancialmente o conteúdo e o resultado de tal operação, ou seja, é a multiplicação ardilosa a favor daquele agente público , referente ao início, meio e fim de todos os atos e fatos ocorridos naquele missão.
Assim o travestido de Polícia usa a mídia para o seu enaltecimento perante a opinião pública, sempre engrandecendo as suas próprias ações, aumentando a gravidade do problema e a periculosidade do criminoso por ele apreendido ou eliminado em batalha. Em verdade é o falso policial pirotécnico nada mais do que a escória da Polícia travestida em erudição.
Às vezes, por conta dessas ações miraculosas o travestido de Polícia alcança posições de destaque dentro da sua Instituição e, quando isso ocorre, os verdadeiros Policiais se sentem como se estivessem vivendo no âmbito da frase de Rui Barbosa, preâmbulo de exemplo do presente texto. É fato que, quando tal fatalidade ocorre, há um desestímulo natural entre a tropa e há setores que ficam acéfalos.
O organismo essencial de toda Instituição Policial relacionado a corrigir as más ações dos seus membros é a Corregedoria de Polícia. É através da Corregedoria de Polícia que se faz a Justiça no âmbito administrativo das corporações. É através da Corregedoria de Polícia que se chega ao Judiciário quando dos crimes praticados pelos seus artífices. Contudo, para melhor fortalecimento desse tão importante Órgão, melhor seria, a sua autonomia administrativa e financeira para poder se estruturar e trabalhar livremente e adequadamente.
Mesmo assim, com todas as dificuldades existentes, as Corregedorias com ajuda das Ouvidorias de Polícia fazem todo o esforço possível, lutam de todas as maneiras para arregimentar provas de crimes praticados pelos travestidos de Polícia, contudo, por vezes, se esbarram em barreiras intransponíveis. Os falsos policiais usam de todos os artifícios possíveis para mostrar inocência. Inventam, mentem, plantam provas falsas, ameaçam vítimas e testemunhas, tentam de todas as formas burlar a Lei e a Justiça. Além disso, os procedimentos administrativos são emperrados pelo excesso de burocracia das Leis que terminam por deixar brechas que favorecem os infratores. Uma simples falha técnica pode colocar tudo a perder.
Aliada a toda essa problemática, por falta de uma séria política de proteção às vítimas e testemunhas como ocorre nos países do primeiro mundo, as pessoas envolvidas, com toda razão, por se sentirem totalmente vulneráveis, preferem calar-se a denunciar os crimes praticados pelos falsos policiais, que então se sentem cada vez mais fortalecidos para a continuidade dos seus atos insanos.
Assim, de quando em vez, as Autoridades encarregadas das correções administrativas e penais arrecadam provas frágeis, ineficientes e formam processos falhos em desfavor dos policiais delinqüentes que terminam saindo ilesos das suas transgressões.
É com tamanha tristeza que os dignos Policiais recebem de volta às suas fileiras os travestidos de Polícia, outrora exclusos das suas Corporações por conta dos procedimentos administrativos considerados frágeis pela Justiça, que assim os reintegram aos seus antigos postos e ainda com direito à indenização ou a receber todos os seus salários que ficaram para trás quando dos seus afastamentos, prisões ou período que estiveram fora das suas atividades.
Para que a autodepuração seja uma vertente forte e verdadeira em todas as Instituições Policiais e se acabe de vez com figura indesejável do travestido de Policia é necessário que se reformem as Leis administrativas e até Penais em desfavor desses infratores, transformando os seus respectivos procedimentos em atos mais ágeis e menos burocráticos, que as vítimas e testemunhas verdadeiramente se sintam seguras por proteção efetiva do Estado, e que se mude a metodologia de pensar de cada membro Policial para agir sempre com a razão, negando-se o corporativismo dos bons para com os maus profissionais, exaltando assim, acima de tudo, os valores humanos e obrigatórios inerentes a sua árdua missão para caminhar também mirando as suas fileiras, expondo e purgando essas feridas para evitar que se transformem em um câncer incurável ainda que isso signifique cortar a sua própria carne.
O sucesso do saneamento não trará apenas ganhos morais para a Instituição Policial, por certo, produzirá benefícios concretos para a Nação, resgatando a confiança do povo na sua Polícia e em conseqüência na sua Justiça, para caminharmos juntos em verdadeira interatividade e enfim, melhor combatermos a criminalidade externa que geometricamente cresce no país.
Com honra, ética, fé e perseverança é possível fazer uma Polícia séria, honesta, sem corrupção ou interesses escusos para o próprio bem da Instituição, do povo e do Brasil.
(*Delegado de Polícia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela U.F.S.)

Comentário importante recebido....

Victor disse:A bancada do bingo deve ser poderosa. Aqui na Tijuca havia um bingo enorme, chamado Bingo Tijuca, que está fechado há alguns anos. O lugar onde funcionava o bingo não foi alugado, nem vendido, nem nada. Continua lá como quando funcionava, só que fechado, numa clara demonstração que o dono tem quase certeza que será reaberto.
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Comentário:Querido amigo:
Fonte segura,já me disse que no bairro da Penha,há um Bingo funcionando atrás de um restaurante de Galetos.Os garçons falam na cara dos clientes,perguntam inclusive se desejam ir até o local.E aí?
Beijos
Gabi

MOÇÃO DE APOIO AO MANIFESTO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES QUE PRATICAM ABORTO

Nós, assistentes sociais, delegadas/os, observadores/as e convidadas/os reunidas/os no 38º Encontro Nacional CFESS/CRESS realizado em Campo Grande/MS no período de 06 a 09 de setembro de 2009 manifestamos nosso apoio ao Manifesto contra a criminalização das mulheres que praticam aborto apresentado pela Frente Nacional pelo Fim da Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto.
Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública.
As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.
A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres. No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres.
A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento. Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres.
Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.
A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres.Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.
A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, cultura, saúde.As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde.
Neste contexto, não podemos nos calar!
Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres.Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe.
Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade.
Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!
Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.

Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!

Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!

Pela não criminalização das mulheres!

Campo Grande- MS, 09 de setembro de 2009.
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS)
Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS)
Aprovada na Plenária Final do 38º. Encontro Nacional CFESS/ CRESS, realizado de 06 a 09 de setembro de 2009 em Campo Grande-MS.
Fonte:CCR

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Os riscos para a aprovação dos bingos

Com chances reais de aprovação na Câmara dos Deputados, o projeto que legaliza os jogos de azar no Brasil é alvejado pelos profissionais que lidam com o crime organizado associado ao setor. Policial federal e atualmente secretário de segurança pública do Espírito Santo, primeiro estado a fechar bingos no país, em 2003, Rodney Rocha Miranda condena a proposta. “É muito difícil fiscalizar esse tipo de negócio. Se hoje a Caixa Econômica Federal sofre com falta de estrutura para monitorar as atividades de sua competência, como vai ser com a abertura dessas casas?” questiona Miranda, que presidiu um inquérito da PF sobre irregularidades nas loterias da Caixa, entre 2001 e 2002.

Na contramão de tais preocupações, parlamentares de olho na arrecadação e nos votos do ramo, em pleno ano pré-eleitoral, repetem os argumentos invocados pelos empresários da área e conseguem convencer. Pelo menos na Comissão de Constituição e Justiça, os deputados pró-bingo garantiram 40 votos favoráveis, contra apenas sete contrários, na quarta-feira passada. Agora o projeto precisa ser levado ao plenário. “A matéria prevê uma participação ativa da Receita Federal, que vai fiscalizar as máquinas periodicamente para saber a receita que cada empresa tem. Não haverá possibilidade de criminalidade”, defendeu, após a aprovação na CCJ, o relator da proposta, Regis de Oliveira (PSC-SP).

No dia da votação, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) criticou a falta de monitoramento do faturamento das empresas. “O controle do montante de ganhos dos bingos não está previsto no projeto. Isso vai facilitar a lavagem de dinheiro”, afirmou. Roberto Brasil Fernandes, assessor jurídico da Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), também enfatiza as regras mais criteriosas do projeto. “No passado não havia normas, mas agora será um setor com alta tributação, onde a premiação é pífia, que terá grande atenção do Fisco, além do controle dos apostadores pelo CPF”, enumera Fernandes. Para Miranda, entretanto, é utópico pensar em uma fiscalização efetiva do ramo. “Na informática, não existem meios seguros de operação. Quem garante que não haverá usuário com CPF falso? Hoje nota fiscal também é obrigatória, mas quase ninguém fornece”, critica o policial federal, autor de Espírito Santo, livro lançado recentemente sobre o crime organizado no estado que dá nome à publicação.

Diretor da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal, Guilherme Henrique Nogueira ressalta ainda a dificuldade de combater os crimes associados às casas de jogo porque elas contam com a simpatia da população. “Há um clamor das pessoas pelo retorno desse tipo de negócio. Por isso, as denúncias são tão escassas. Sem contar o drama social de quem fica viciado no jogo”, destaca o policial.

Para Miranda, o erro do Congresso Nacional é discutir matérias dessa espécie sem ouvir as pessoas que ficarão responsáveis pelo cumprimento da legislação. “Restringir o debate do assunto aos diretamente interessados não leva a um bom discernimento. Quem vai fiscalizar esse setor. Nem a Polícia Federal e muito menos as estaduais têm estrutura para tal. Em vez de criar mais problemas, deveríamos resolver os que já temos”, critica.
Roteiro de um crime

Confira como determinados bingueiros conseguem lavar dinheiro com o jogo:

1 – Nos bingos, a contabilização dos lucros é de difícil controle porque a captação do dinheiro se dá por meio de apostas individuais, numerosas e de diferentes valores.

2 – Portanto, no momento de fazer a prestação de contas obrigatória à Caixa Econômica Federal e demais órgãos competentes, os empresários informam valores maiores do que as quantias reais.

3 – É em cima dos valores superfaturados que os donos das casas de jogos esquentam o dinheiro obtido em atividades ilícitas, cuja fonte não pode ser declarada.

4 – Com o dinheiro lavado nos bingos, os criminosos abrem novos negócios de fachada dos mais variados ramos com o objetivo de lavar mais recursos. Isso porque em qualquer empresa — uma sapataria, rede de farmácias ou empresa de importação, por exemplo — é possível fazer a lavagem.

Crimes associados – A maior parte das investigações policiais já feitas no Brasil apontou que o dinheiro lavado em casas de jogos vem do tráfico de drogas ou de desvios de recursos públicos, embora haja associação também com venda ilegal de armas. Redes de exploração sexual e o próprio vício dos frequentadores são outras preocupações relacionadas à jogatina.

Fonte: Correio Braziliense

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Exame de tuberculose em presos pode virar lei no Rio de Janeiro

A Assembléia Legislativa do Rio aprovou um projeto de lei sobre o diagnóstico precoce da tuberculose em pacientes penitenciários. O objetivo é fazer o exame um dia depois que a pessoa for presa.

Projeto também institui o tratamento até a cura total

Foi aprovado em primeira discussão ontem na Assembleia Legislativa o projeto de lei que torna obrigatório o exame para diagnosticar tuberculose nos detentos um dia depois destes ingressarem nas penitenciárias do Estado do Rio. A iniciativa visa a reduzir os casos da doença no Rio, que ocupa o primeiro lugar no Brasil em número de infectados (73,27 por 100 mil).
De acordo com o Ministério da Saúde, a incidência da tuberculose entre presidiários é 40 vezes maior do que na população em geral, só perdendo para moradores de rua, que têm taxa 60 vezes maior. Segundo Alexandra Sanchez, coordenadora do Programa de Controle da Tuberculose na rede carcerária do Estado, 8% dos penitenciários estão infectados e 3% dos presos já chegam às prisões com a patologia.
- Não se trata apenas dos presos.
É um problema da comunidade em geral, afinal, essas pessoas recebem visitantes, que podem contrair a doença - explica o deputado estadual Noel de Carvalho (PMDB), autor do projeto.
A tuberculose é transmitida pela secreção respiratória do doente, quando ele fala, tosse ou espirra.
Segundo o texto do projeto de lei, se o detento estiver infectado, o tratamento deverá ser iniciado imediatamente, seguindo durante seis meses o esquema terapêutico do Programa Nacional de Controle da Tuberculose. O paciente também deverá ser orientado a realizar espontaneamente o exame de HIV, já que a tuberculose é principal doença oportunista em soropositivos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 100 milhões de pessoas são infectadas pelo bacilo Koch, que provoca a doença, todos os anos. Destes, 9,2 milhões desenvolvem a tuberculose e 700 mil têm o vírus do HIV.
A realização do exame na rede carcerária é recomendada pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), mas só é feita pelo Estado do Amazonas.
A iniciativa do deputado fluminense de transformar a norma em lei é pioneira no país.
O Ministério da Saúde vai distribuir este mês um novo medicamento contra a tuberculose para pacientes do Rio e de São Paulo, o Dose Fixa Combinada (DFC), que deverá diminuir a taxa de abandono do tratamento, que atualmente chega a 8% dos casos. Como os sintomas desaparecerem rapidamente, o paciente para de tomar os remédios, porque acredita que está curado. A vantagem da nova terapia com o DFC é a redução do número de comprimidos, o que facilita também a medicação de presos.
Fonte: Jornal do Brasil

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Luto

Hoje estou de luto!
Luto pelas milhares de mulheres no mundo,em especial no Brasil,que morrem em abortos clandestinos.
Gabriela

Postos de coleta do seu lixo eletrônico no Estado do Rio de Janeiro

Postos de Coleta:
Rio de Janeiro
Centro:
Fundição Progresso - Rua dos Arcos, 24 - LAPA.
Local: CIC - Centro Interativo de Circo
Zona Norte:
CEASA IRAJÁ - Em frente à estação Coelho Neto
Local: Associação dos Carregadores do CEASA
Petrópolis
Itaipava:
Shopping Vilarejo - Estrada União Indústria 10.035
Local: Espaço da Cultura
Centro:
UMEP - Rua Casemiro de Abreu, 295 - Centro
****************************************************************
Quem souber de outros locais de recolhimento de lixo eletrônico pelo Brasil,será um prazer postar neste espaço.Para saber mais sobre o assunto,acesse:www.lixoeletrônico.org
Um grande abraço a todos
Gabriela

Lixo Eletrônico,reciclagem de eletrônico,logística reversa....o que é isto?



O total abandono dos hospitais psiquiátricos no Rio de Janeiro

Ler notícia,aqui.


Estudo revela que poluição é causa de baixo peso de crianças ao nascer

Antes de nascer

O dióxido de enxofre e, principalmente, o ozônio, são os principais agentes responsáveis pelo baixo peso de bebês ao nascer, mostrando que a poluição ambiental afeta as crianças mesmo antes do nascimento.
A conclusão é de um estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Taubaté, em São Paulo, que analisou o papel dos poluentes ambientais como fatores de risco para os recém-nascidos.
O estudo, publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, apontou que 99 recém-nascidos (3,95% do total da amostra analisada) apresentaram redução no peso devido aos poluentes em questão.
"O presente estudo preenche uma lacuna na pesquisa sobre os efeitos de poluentes do ar no peso ao nascer em cidades de porte médio no Brasil", afirmam os estudiosos no artigo. "A maior parte dos estudos nessa área no país foram realizados em cidades grandes". O estudo foi feito na cidade de São José dos Campos (SP).

Baixo peso ao nascer

Para a pesquisa, foram selecionadas crianças com mães entre 20 e 34 anos, segundo grau completo, com sete ou mais consultas de pré-natal realizadas, gravidez única e parto normal.
Foi considerado baixo peso ao nascer aquele inferior a 2,5 quilos. Além disso, os pesquisadores assumiram que as concentrações de poluentes eram homogêneas por toda a cidade e que todas as mães foram igualmente expostas a eles durante o período analisado.
"Visto que eram gestações normais, as mães estavam livres para circular ao redor da cidade e, posto que as concentrações eram consideradas homogêneas, a exposição foi considerada constante", comentam os estudiosos.
Ozônio poluidor
Segundo os pesquisadores, o achado mais importante desse estudo, com resultado diferente do de outras pesquisas conduzidas no Brasil, foi o papel do ozônio no baixo peso dos recém-nascidos.
"O efeito do ozônio pode envolver mecanismos inflamatórios. A gravidez é acompanhada por um aumento da ventilação alveolar", explicam os estudiosos. "A hiperventilação resulta no aumento da absorção de ozônio, com uma resposta inflamatória e a liberação de produtos de peroxidação lipídica e citocinas. Esses agentes podem afetar a circulação na placenta e colocar em risco o crescimento fetal".
Os pesquisadores esclarecem que duas das principais fontes de liberação do dióxido de enxofre na atmosfera são as indústrias que usam carvão e produtos derivados do petróleo e os veículos que utilizam combustíveis fósseis. Com relação ao ozônio, a presença dessa substância próxima à superfície do planeta se deve a reações fotoquímicas entre outros poluentes, como oxidações que envolvem nitrogênio, na presença de radiação solar.

fonte:Renata Moehlecke/Diário da Saúde

Pedofilia não.Pedofilia é crime.Denuncie!!!!!!!.


O blog do victor - http://oblogdovictor.blogspot.com/ - reproduzui uma entrevista com a psiquiatra Rita Jardim sobre pedofilia.Vale muito dar uma olhada.

Boa semana a todos

Gabriela

Tuberculose

Em tempo de influenza A (H1N1) - gripe suína, pouco se fala de outra doença mais grave e de fácil contágio. A tuberculose mata cerca de 5 mil brasileiros por ano, embora haja tratamento eficaz em quase 100% dos casos. O Rio de Janeiro é o campeão nacional de contaminação e de mortes pela doença, com quase 800 óbitos por ano e o maior índice de contaminação - 82 casos por 100 mil pessoas, praticamente o dobro da média nacional, de 44 casos por 100 mil habitantes.
Os dados foram divulgados esta semana, na Assembleia Legislativa do Rio, pelo coordenador do Fórum de Organizações Não Governamentais Tuberculose Rio, Carlos Basília, durante encontro de especialistas e lideranças comunitárias. O encontro marcou o Dia Estadual de Combate à Tuberculose. Segundo ele, apesar de a doença ser conhecida há mais de um século e de existirem medicamentos gratuitos, o maior problema é a dificuldade de acesso aos postos de saúde e a falta de continuidade no tratamento.
“Existe dificuldade de acesso ao serviço público para o diagnóstico precoce, a fim de dar início ao tratamento. É preciso enfrentar filas e mau atendimento, retirar senhas e ter que voltar em outros dias, o que afasta a população”, criticou Basília. Além disso, muitas pessoas param de tomar os remédios antes do fim do tratamento, assim que os sintomas diminuem, o que leva a uma forma resistente de tuberculose.
Para ele, a falha principal está no reconhecimento da doença ainda nas fases iniciais, quando o tratamento é mais efetivo e o risco de contaminação menor, por falta de profissionais integrados no Programa de Saúde da Família (PSF). “É preciso criar estrutura. No Rio de Janeiro, a cobertura é de apenas 4%”, apontou.
De acordo com Basília, na cidade do Rio, a concentração de casos é nas favelas, pela proximidade que as pessoas convivem, o que facilita o contágio pelo ar. Na Rocinha, segundo estatística do Ministério da Saúde, o índice de contaminação é de 500 casos por 100 mil habitantes, mais de dez vezes o do Brasil.
Os principais sintomas da tuberculose são tosse por mais de 15 dias, falta de apetite, emagrecimento, palidez, febre baixa no fim da tarde, dor no peito e suor noturno. Em caso de suspeita, é preciso procurar qualquer posto de saúde para realizar os exames. O tratamento da tuberculose é totalmente gratuito e as chances de cura são praticamente garantidas, se o paciente tomar os medicamentos durante todo o período recomendado.
(Fonte: Vladimir Platonow / Agência Brasil )

Comentário recebido....REFLITA SOBRE.QUAL É A SUA RESPOSTA?

O Jornal Tresler e a Espiral do Silêncio deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Ato contra a criminalização das mulheres e pela le...":
Sou contra o aborto, pessoalmente, mas por motivos republicanos, mudo de idéia: me torno favorável.
O que eu acho triste, é criticarem tanto o aborto quanto a educação sexual nas escolas e na tv. Ora, isso é injusto. Deviam ser contra o aborto -tudo bem -, mas deixar livres as campanhas educativas e não atacá-las com moralismos.
Outra coisa é a questão da punição. É a menina que é assassina de um inocente, é ela que deve sentir culpa, ir pra cadeia e depois, se bobear, ir para o inferno. E o homem? Acontece nada? As garotas ficam grávidas sozinhas? (risos) Estranho.
Deixa pra lá.
Abraços, Gabriela

domingo, 27 de setembro de 2009

Ato contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!


EU FUI!!!!!!!!!!!!!!


ATO PELO RESGATE DA DIGNIDADE POLICIAL,QUE TERÁ COMO CONSEQUÊNCIA, A VOLTA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

O Movimento Cívico Juntos Somos Fortes promoveu a Primeira Marcha e está convidando a todos os Policiais Militares, Bombeiros Militares, parlamentares, funcionalismo e a SOCIEDADE CIVIL para a Segunda Marcha, que ocorrerá no domingo, 27 de setembro, às 10:00 horas, na Praia de Copacabana, no Posto 6.Mais informações:Cel.PM Paulo Ricardo Paúl


EU FUI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Gabriela

Igreja Católica tenta justificar tratado assinado com o Governo


Concordata Brasil – Santa Sé

Projeto de “lei geral das religiões” incomoda a instituição

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou em Brasília,
em sessão de emergência, o tratado do Governo Brasileiro com a Santa Sé, que
estabelece o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. As manifestações e
iniciativas contra o acordo, reclamando a laicidade do estado e a sua incompatibilidade
com um documento como o assinado pelo presidente Lula, são constantes. A iniciativa
da CCR – Comissão de Cidadania e Reprodução, que vem, desde 2008, quando
realizou o ciclo de debates “Democracia, Estado Laico e Direitos Humanos”,
defendendo o Estado Laico Brasileiro, por exemplo, em um mês já recolheu mais de 3
mil assinaturas contra a concordata. O acordo ainda deve passar pelo Senado e a CCR
segue com a campanha para que os contrários a sua aprovação na Câmara votem.
Toda a mobilização parece, no entanto, ter pouco incomodado nossos representantes na
Câmara, ou a própria Igreja Católica. Incômoda, mesmo, foi a aprovação simultânea,
“na calada da noite”, de um projeto de “lei geral das religiões”, que, de um lado, parece
ter sido criada para contornar o problema da inconstitucionalidade da concordata Brasil
– Santa Sé e, de outro, conseguiu, aí sim, tirar o sossego das entidades católicas que
celebravam um certo conforto financeiro e político que seria ratificado e garantido com
a aprovação do documento.

Em artigo publicado na página do jornal O Estado de São Paulo,
o cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo P. Scherer, articula com
habilidade sobre a constitucionalidade do acordo, respondendo a todas as questões
contrárias à sua aprovação de forma convincente para quem não conhece o texto
propriamente dito. Scherer fala dos inúmeros tratados já assinados entre a Igreja
Católica e governos ao redor do mundo – na sua maioria autocráticos, como a
Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini e a Espanha de Franco, vale lembrar - e de
como essa prática, “a diplomacia da Santa Sé”, é legítima e reconhecida na esfera do
Direito Internacional. Enumerando os problemas apontados na redação do documento,
justifica-os, sem, no entanto, apoiar-se em qualquer dado concreto da Constituição e tira
da manga – ou da bata – uma Igreja Católica vítima de preconceito religioso.
Como pode a Igreja Católica ser vítima, uma vez estar em vias de aprovação um tratado
em que o Estado em pouco ou nada se beneficia? O juiz de direito e membro do
conselho diretor da CCR, Roberto Lorea, destaca que “o “acordo bilateral” estabelece
uma série de obrigações e nenhum benefício para o Estado brasileiro, o qual assume
uma série de compromissos frente à Igreja Católica sem nada receber em contrapartida”.
E ainda, sobre o projeto da lei geral das religiões, explica que “diante desse fato novo,
impõe-se reconhecer que o acordo (segundo o discurso da CNBB) perdeu o objeto,
devendo ser rejeitado no Senado, pois a nova lei geral contempla também os interesses
da Igreja Católica - no mesmo nível das demais”. O texto do projeto da “Lei Geral das
Religiões”, proposto pela bancada evangélica, é uma cópia do acordo Brasil – Santa Sé,
apenas substituindo a expressão “Igreja Católica” por “instituições religiosas” e o PSOL
foi o único partido a votar contra.
Nenhum questionamento à assinatura do acordo foi ou é descabido e tudo indica que a
ele não está sendo dada a devida atenção, a devida interpretação, sendo desconsiderada
a situação privilegiada da instituição católica mesmo antes da criação do tratado. Chega
a ser irônico que só agora alguém do lado de lá se manifeste com tanta “veemência”,
citando Dom Odilo. O argumento da Igreja Católica de que a concordata visa e protege
a laicidade e a pluralidade religiosa soa falso e cai por terra se ficamos com a impressão
de que, ameaçada por uma “lei geral das religiões” e preocupada em manter privilégios,
a instituição vem, só agora, clamar pela lucidez, imparcialidade e responsabilidade
política dos “homens do Senado”. Sim, concordamos com o risco do charlatanismo e
também suspeitamos da aprovação, sem discussões, nem audiências públicas de tal
projeto de lei. Se fosse na Roma antiga teriam, então, recomendado, videant consules -
“providenciem os cônsules para que a república não seja prejudicada”? É o que se
deveria ter feito desde a assinatura do acordo, no Vaticano, há quase um ano. O “cochilo
longo demais” a que se refere o cardeal-arcebispo de São Paulo, mais se parece com um
sono profundo.
Fonte:CCR