sexta-feira, 28 de março de 2008

Esta foca não quer morrer!


Todo ano é assim: Pouco depois do início da primavera no Hermisfério Norte, começa a grita contra a matança de filhotes de focas. E não é para menos. As imagens de caçadores dando arpoadas e marretadas na cabeça desses filhotes são chocantes. O outro lado da história é o aspecto econômico. O Departamento de Pesca de Agricultura do Canadá informa que essa atividade é importantíssima para as famílias das regiões de Newfoundland e Labrador. No ano passado, a caça representou quase 35% da receita de sete comunidades e 5% e outras 37. E isso, vale lembrar, numa região do Ártico. Mas diversas ONGs reclamam que os métodos para a atividade são cruéis e desnecessários. Estima-se que na temporada de caça que começa hoje sejam mortos de 275 a 325 mil filhotes.No ano passado foram 215 mil. O fato curioso é que a má condição do gelo (em parte devido ao clima) dificultou a caça. Mas diversas entidades, como a Human Society, afirmam que esse ano gelo está mais firme, o que levará a mais caça. Ao mesmo tempo, uma pesquisa da ONG, mostrou que um boicote aos produtos alimentícios e de vestuário iniciada em 2005 reduziu em 44% sua compra, o que deve diminuir o interesse pela caça. A Human Society afirma que mais 550 mil pessoas deixaram de consumir esse produtos. Mas o aquecimento global que compromete o gelo do ártico e com isso dificulta a caça, também termina por destruir o habitat das focas. De acordo com Human Society, centenas de milhares de focas morreram com o derretimento do gelo. Nos últimos três anos, foram mortas um milhão de focas nesse período - sobretudo filhotes, que tem pêlo mais macio e branco e por isso são mais cobiçados.
Catharina Epprecht - O Globo Online - 28/03/2008