quinta-feira, 25 de março de 2010

Um belo texto para ser lido.....


A natureza e a natureza humana

Escrito por Adriano Alves

Sempre que se fala na grandiosidade das realizações humanas me pergunto se a humanidade é realmente grandiosa ou se tudo depende do ponto de vista em que olhamos as coisas.
De um lado temos o fato de que nossa sociedade construiu o que hoje entendemos por nosso mundo. É simplesmente impressionante observar que há apenas alguns milhares de anos atrás a humanidade mal tinha "inventado" o comércio, as leis e as grandes cidades.
Em um pequeno lapso de tempo, vimos um mundo selvagem e inexplorado se transformar em um grande parque de diversões. Gigantescas cidades, com arranha-céus desafiando o azul celeste. Vimos o transmudar da noite em dia, por meio da energia elétrica. Presenciamos a cura de doenças, o mapeamento do DNA humano, o desenvolvimento da clonagem de seres vivos. Vimos os meios de transporte inteligarem o mundo em questão de horas. Assistimos o nascer de inúmeros meios de comunicação e divulgação de idéias. Vimos o proprio nascer dessas tantas idéias a serem divulgadas. Presenciamos o rádio, a televisão, o telefone e agora a intenet interligar o mundo e as pessoas.
Feitos notáveis. Criações grandiosas que surgiram na mente dos membros da humanidade. Meros sonhos e divagações tornados realidade no pequeno alvorecer de uma espécie. Criações que nos deram a prepotência de acharmos que somos o tudo. Que sabemos sobre tudo. Prepotência de sermos o que quisermos. Natureza humana prepotente, uma das maiores criações.
Sob esta ótica a humanidade é Grandiosa. Forte. Auto-Suficiente. Magnifica. Senhora do tempo e do espaço. Capaz de feitos notáveis que a cada criação, a cada nova resposta, nos tornaria mais parecidos com o grande criador do Universo: Deus (nome mais usual).
Mas apenas sob esta ótica somos tão grandiosos. Apenas sob a pálida luz do que já realizamos podemos pensar que a humanidade é senhora de alguma coisa. Se atentarmos para as ironias do que chamamos de existência, veremos que a humanidade sequer é senhora dela mesma.
Ao mesmo tempo em que nós, como conjunto. como sociedade somos tão hiperlativos em nossas realizações. Tão capazes de tudo. Tão arrogantemente prepotentes. Somos, também, frágeis e incapazes diante do poderio da natureza e diante das incertezas do que seria o mundo e a existência e do que seria Deus.
Um rápido vislumbre pelos acontecimentos do quotidiano nos mostra que nossos arranha-céus e grandes construções caem como cartas de um baralho diante de tempestades, tsunamis e terremotos. Que nos digam o centro da China, o sudeste da Ásia e agora o Haiti, que ainda tenta se calar.
A rápida olhadela pelo dia-a-dia nos mostra, ainda, que nossos velozes meios de transporte dependem de bom tempo para serem tão rápidos. Nossos meios de comunicação são facilmente afetados por fenomenos da natureza, tais como uma gigantesca descarga eletrica de uma núvem carregada ou até mesmo pela ação de uma pequena árvore na esquina de nossas casas que desconecta o cabeamento telefônico. Não somos tão, tão, tão, seja lá o que for que sejamos.
Disso exsurge uma única conclusão: Tão grandiosos? Mas em relação a que somos tão grandiosos assim?
E tudo isso sem falar nas dúvidas e incertezas insondáveis que cercam a alma de cada um dos indivíduos dessa grande humanidade poderosa. Tantas criações, tantas respostas, mas nem umas e nem outras calam as eternas dúvidas da natureza humana: quem somos, de onde viemos, para onde vamos após a morte, Deus existe? Essas dúvidas que teimam em existir diminuem nossas criações, encolhem nossa grandiosidade e apequenam nossa natureza pessoal.
Assim é a natureza humana. Grandiosa apenas sob seus próprios olhos. Pequena sob a ótica do mundo, menor ainda sob a ótica do universo e sei lá o que pela ótica divina (para aqueles que entendem que haja ótica divina).
Precisamos repensar nossos paradigmas. Repensar nossos valores. Repensar nossa importância no mundo. Precisamos ver que a natureza, o mundo, o universo e quem criou tudo isso chegou bem antes da gente. Necessitamos urgentemente constatar que até podemos ser a síntese de tudo, mas não podemos existir sem a natureza e Deus (ou o nome que queiram), pois eles são nossa tese e nossa antítese. Sem eles não existiríamos. Sem eles seríamos a antitese do nada.

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Fonte:http://www.textolivre.com.br/artigos/23186-a-natureza-e-a-natureza-humana

Um comentário:

Anônimo disse...

Estive lendo o texto "A Natureza e a natureza humana".No final, o autor escreveu:"Sem eles seríamos a antítese do nada"."Eles" o autor se refere a Deus e à natureza.Acontece que a figura ANTITESE, significa o contrário.Assim, a antítese do NADA seria TUDO.Entendeu?Existe aí uma incoerência ou estou enganada?Porque o homem sem Deus e sem a Natureza não pode ser tudo.É NADA mesmo, sem a antítese!