Hora do Planeta: com medo do apagão do bem
Felipe Sáles, Jornal do Brasil -27/03/2009
RIO - Em plena crise de segurança na Zona Sul, o movimento ambiental Hora do Planeta acabou se tornando, ao mesmo tempo, exemplo de boa intenção na luta pela preservação da natureza e motivo de preocupação para o policiamento da cidade. O evento internacional – que acontecerá sábado, às 20h30, quando o Rio e outras 374 cidades de 74 países desligarão suas luzes por 60 minutos – perturba o sono de alguns moradores e de autoridades policiais, que reforçaram o plantão nas delegacias. Apesar de a prefeitura não ter comunicado oficialmente à Secretaria Estadual de Segurança (Seseg) nem aos batalhões, a Polícia Militar prepara um esquema especial para o Aterro do Flamengo e a orla de Copacabana – que teve a semana marcada por uma guerra entre traficantes de drogas. A região foi a campeã da capital no quesito roubo a transeunte, com crescimento de 25,8%, o equivalente a três assaltos por dia.
– Estamos muito preocupados – admitiu a presidente da Associação dos Condomínios do Morro da Viúva, no Flamengo, Maria Thereza Sombra, representante de 36 edifícios que abrigam cerca de 10 mil pessoas. – Recomendei aos síndicos para aconselharem os moradores a não irem ao Aterro naquele horário. Aquela região já é naturalmente mal iluminada. A prefeitura deveria ter mais critério e não incluir determinados locais no evento.
Esquecimento oficial
A Prefeitura do Rio sequer comunicou à Seseg e aos batalhões para que a Polícia Militar montasse um esquema especial para o evento, mas garante, por meio de sua assessoria, que a cidade não ficará às escuras: no Aterro serão desligadas as luzes da orla do Flamengo e, em Copacabana, apenas os holofotes da areia. O evento desligará ainda as luzes do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar. Ao saber do acontecimento por meio da imprensa, o comandante do 19ª BPM (Copacabana), tenente-coronel Edson Almeida, tomou a iniciativa de organizar um esquema especial.
– Não fomos comunicados, mas soubemos do evento e tivemos de nos prevenir – contou Almeida. – Teremos viaturas nas esquinas da orla, policiais à pé, de moto e de quadricículo. A iluminação faz parte da segurança pública e por isso tivemos de agir com cautela.
Já o 2º BPM (Botafogo) não reforçará o policiamento. Segundo o capitão Perri Souza, chefe do setor de Planejamento Operacional, houve apenas uma recomendação aos policiais para que tenham “atenção redobrada” durante o evento. O policiamento será feito com o efetivo já existente na região: quatro cabines, dois trailers e seis viaturas baseadas em pontos estratégicos. Além disso, o delegado Ronaldo de Oliveira, chefe do Comando de Policiamento da Capital, reforçou o plantão nas delegacias das regiões.
– Todas as autoridades já foram comunicadas e vão reforçar as delegacias, pois poderemos ter mais trabalho – contou Oliveira.
Copacabana é o bairro da capital onde mais cresceu o roubo a transeunte no ano passado, de acordo com levantamento feito pelo JB, com base nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP). Foram 1.238 registros – três assaltos por dia – 25,8% a mais do que em 2007. Nos últimos dois anos, a região acumula um crescimento de 38,3% – 361 casos a mais do que em 2006.
Já o 2º BPM (Botafogo) é a quarta região da capital onde esse tipo de crime mais cresceu, com 20,8%. Foram 1.912 registros, mais de cinco por dia. O bairro terá duas regiões com as luzes apagadas – o Pão de Açúcar e o Aterro do Flamengo, zona tradicionalmente complicada para o policiamento ostensivo, justamente devido à precária iluminação.
Um comentário:
Prezada amiga Gabriela:
A que ponto chegou o nosso RJ, nem podemos participar de um ato simbólico pelo planeta, diante da violência.
Deus, só Deus, para nos proteger.
Paulo Ricardo Paúl
Coronel de Polícia
Coronel Barbono
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