quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Doenças negligenciadas


Organização pede que os governos garantam aos pacientes com mal de Chagas o acesso a diagnóstico e tratamento

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) recebeu com satisfação a resolução CD 49/9, aprovada na sexta-feira passada com o título “Erradicação das Doenças Negligenciadas e outras infecções relacionadas à pobreza”, através da qual os integrantes do 49º Conselho Diretor da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) reconhecem a importância de contar com estratégias mais fortes para diagnosticar e tratar a doença de Chagas. É evidente que há muitas doenças relacionadas à pobreza que foram silenciadas e ignoradas nas Américas, fazendo com que milhares de pessoas sofressem e morressem de uma gama de males preveníveis e tratáveis, como Chagas. Portanto, o fato de que os Estados membros reconhecem o vínculo entre a pobreza e as doenças negligenciadas, e reforcem seu compromisso pelo acesso ao diagnóstico e tratamento para as populações afetadas na região é um passo positivo.Estamos no ano do centenário do descobrimento da doença de Chagas, que é endêmica em 21 países da América Latina, onde se estima que aproximadamente entre 10 milhões a 15 milhões de pessoas estejam infectadas e que provoca 14 mil mortes por ano. Os programas de Chagas se concentraram tradicionalmente na prevenção da doença através do controle vetorial (a eliminação do barbeiro, inseto transmissor do parasita), assim como a análise de bancos de sangue. A prevenção não é suficiente. Precisamos diagnosticar e tratar de maneira adequada, incluindo um maior acesso ao tratamento por parte das pessoas afetadas pela doença, melhores sistemas de distribuição de medicamentos e ferramentas mais adaptadas aos contextos.A organização pede que o acesso ao diagnóstico e tratamento seja considerado uma prioridade, se a região quer realmente atender às necessidades de suas populações nas Américas. No caso da doença de Chagas, para transformar os compromissos em ações, os países devem incluir em seus objetivos e estratégias principais a integração do diagnóstico da doença de Chagas dentro do sistema de atenção primária de saúde, para assim poder proporcionar tratamento a todos os pacientes que estejam nas fases aguda e crônica da doença. Também devem reforçar as cadeias de subsídios dos tratamentos existentes nos países da região, de modo que seu acesso seja ampliado. A resolução CD 49/9 reconhece também a necessidade de mais pesquisa e desenvolvimento (P&D) para novas e mais aprimoradas ferramentas de diagnóstico e opções de tratamento. Os Estados membros concordaram em estudar uma série de planos de incentivo à P&D, em particular os que implicam a desvinculação dos gastos de P&D e o preço dos medicamentos. A organização pede também mais pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que satisfaçam as necesidades do paciente de Chagas, tais como melhores tratamentos, diagnósticos e testes que comprovam a cura. Deve-se considerar ainda o desafio global representado por Chagas à medida que se registram mais casos nos Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão, como resultado da imigração e da mobilidade. Espera-se que a resolução específica sobre Chagas que se espera que seja discutida durante a próxima 63ª Assembleia Mundial de Saúde (AMS), em maio de 2010, inclua as estratégias e os indicadores definidos pelos Estados membros da Opas como parte da resposta global para a doença de Chagas. Desde 1999, MSF deu início a projetos de diagnóstico e tratamento de Chagas em Honduras, Nicarágua, Guatemala e Bolívia. Atualmente, a organização trabalha em três distritos rurais em Cochabamba, Bolívia, país com a mais alta prevalência de Chagas. Eles trabalham com o Ministério da Saúde da Bolívia, em cinco centros de atenção primária, onde crianças e adultos de até 50 anos de idade são diagnósticados e tratados.
Mais informações sobre a doença de Chagas em http://www.msf.org.br/chagas2009/index.html
Fonte:MSF

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