quinta-feira, 28 de maio de 2009

Gripe Suína tira Chagas da pauta de dicussões de reunião anual da OMS

No ano do centenário da descoberta da doença, MSF faz um apelo para que países ampliem o acesso a diagnóstico e tratamento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reduziu a duração da reunião anual dos ministros de saúde em função da preparação para a gripe A (H1N1), ou gripe suína, adiando as discussões previstas sobre doença de Chagas. A organização médico humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta: não é possível adiar ainda mais a necessidade urgente de se avançar na ampliação do acesso a diagnóstico e tratamento desta doença negligenciada.

A Assembleia Mundial de Saúde (AMS), que acontece esta semana em Genebra e que reúne os Ministros de Saúde dos estados membros da OMS, seria uma oportunidade para que os países se comprometessem coletivamente a reforçar a luta contra Chagas, uma doença tropical endêmica, amplamente negligenciada em muitos países da América Latina, que atinge cerca de 14 milhões de pessoas e mata cerca de 15 mil a cada ano.

“No 100o aniversário da descoberta da doença de Chagas, esperávamos que na AMS todos os países afetados fossem adotar uma resolução que determinasse a integração do cuidado aos pacientes com Chagas, nas fases aguda e crônica, no âmbito da atenção primária e mais investimentos em pesquisa,” disse Roger Teck, Diretor de Operações de MSF Espanha. “As pessoas afetadas por esta doença foram mais uma vez negligenciadas. No entanto, mesmo estando o tema de Chagas fora da agenda da AMS, isso não pode ser utilizado como uma desculpa para não agir. Os governos dos países endêmicos devem desenvolver e implementar melhores protocolos nacionais e internacionais para o enfrentamento da doença de Chagas.”

Os programas de Chagas têm tradicionalmente focado na prevenção da doença por meio do controle dos vetores transmissores. Mas a experiência de MSF em Honduras, Nicarágua, Guatemala e Bolívia desde 1999 demonstra que a prevenção está longe de ser suficiente.

“O foco na prevenção ignora a necessidade daqueles que já estão infectados e sofrendo em silêncio. Nos países endêmicos, os governos devem buscar ativamente os casos, ampliar o diagnóstico e tratar cada vez mais,” disse Gemma Ortiz, representante para advocacy em Chagas de MSF. “Acesso a diagnóstico e tratamento deve se tornar uma prioridade.”

MSF também solicita que os países membros da OMS avaliem os mecanismos alternativos de financiamento, tal como os fundos de prêmios, para estimular a pesquisa e desenvolvimento de melhores ferramentas para o diagnóstico e tratamento de pacientes de Chagas em todas as fases da doença. A falta de incentivos econômicos para investir em pesquisa e desenvolvimento tem significado a negligência da doença de Chagas por décadas.

Chagas é uma doença infecciosa causada pelo parasita Trypanosoma cruzi. Originalmente presente na América Latina, cada vez mais casos vêm sendo relatados nos Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão como resultado da migração e mobilidade das pessoas. Na fase crônica, a doença pode causar problemas cardíacos e no trato gastrointestinal, levando à incapacidade e morte.

Desde 1999, Médicos Sem Fronteiras já implementou projetos de Chagas em Honduras, Nicarágua, Guatemala e Bolívia. Atualmente, MSF está atuando em três distritos urbanos em Cochabamba, Bolívia, país com o maior registro de prevalência de Chagas. MSF trabalha junto com o Ministério da Saúde boliviano em cinco centros de atenção primária, onde crianças e adultos de até 50 anos de idade são diagnosticados e tratados. Ainda este ano, um novo projeto de Chagas será aberto em uma área rural de Cochabamba. MSF vem defendendo continuamente a ampliação do acesso a diagnóstico e tratamento e sua integração na atenção primária.
fonte:MSF
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DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL - SITE DO SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CENTENÁRIO DA DESCOBERTA DA DOENÇA DE CHAGAS - WWW.CHAGAS2009.COM.BR

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