quarta-feira, 1 de julho de 2009

Saúde pública contra epidemias

"Em tempos de tanta insegurança na saúde pública, quando uma epidemia causa pânico global, revela-se com clareza a fragilidade das nossas sociedades diante de problemas dessa ordem. Nunca como nesses momentos ressalta a diferença entre sociedades marcadas por sistemas de saúde pública frágeis, com um predomínio das empresas de saúde privada, e aquelas fundadas na saúde publica.
Conto uma experiência muito distinta, vivida em Cuba, que demonstra a diferença de atuação de uma sociedade fundada na saúde pública. Houve uma epidemia de conjuntivite hemorrágica. Parecia estranho, talvez o vírus tivesse sido inoculado pelos EUA, o que já tinha acontecido muitas vezes.
A ação do governo não se fez esperar: imediatamente foi proibida a venda de colírio nas farmácias, obrigando a todos a se dirigirem aos centros de saúde, que existem em todos os bairros, com excelente atendimento gratuito. Uma vez constatados sintomas da doença, imediatamente se decidiu por licença de uma semana do trabalho – possível, por ser uma economia socializada. Como resultado, a epidemia foi controlada e terminou rapidamente.
Tudo isso foi possível porque se trata de uma economia socializada, de uma sociedade não fundada no lucro, mas no bem-estar das pessoas. Uma sociedade que tem melhores índices de saúde do que os EUA, tanto de expectativa de vida ao nascer, como de mortalidade infantil.
Vê-se a diferença, por exemplo, com o México, em que foram suspensas missas, aulas, jogos de futebol, mas em que os trabalhadores continuaram a estar sujeitos a pegar a gripe suína, porque não foi suspenso o trabalho. Em que a pressão dos donos de bares e restaurantes para não diminuir seus lucros foi enorme, não importando se a convivência pública deixaria os fregueses passíveis de pegar a gripe.
Diante disso, é mais absurda ainda a resistência de colegiados médicos no Brasil para que o nosso país reconheça os diplomas cubanos e possa dispor já de 3 gerações de médicos formados na melhor saúde pública do mundo. As primeiras gerações de médicos pobres no Brasil e em toda a América Latina se formaram nas Escolas Latinoamericanas de Medicina, em Havana e na Venezuela, e não no Brasil.
Sugestões de leitura:
A REVOLUÇÃO VENEZUELANA
Gilberto Maringoni
Edunesp
MARX: INTÉRPRETE DA CONTEMPORANEIDADE
José Carlos Ruy,Sergio Lessa, Antonio Carlos Mazzeo e outros
Quarteto Editorial
INTRODUÇÃO AO TEATRO DIALÉTICO
Sergio de Carvalho (org.)
Editora Expressão Popular
A CRISE ESTRUTURAL DO CAPITAL
Istvan Meszáros
Boitempo Editorial"
Por:Emir Sader que é cientista política.

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