segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Captação de doadores de medula no Brasil

“O Brasil tem um trabalho difícil pela frente para diversificar o perfil de seu registro de doadores de medula óssea porque a população é muito miscigenada”. A afirmação é de Carlheinz Müller, do registro de doadores da Alemanha, que apresentou a estrutura de transplante de medula óssea do país em palestra no XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO). Müller mostrou que a captação de doadores na Alemanha funciona de forma descentralizada, similar à do Brasil, com os centros de recrutamento trabalhando de maneira independente ao registro. Com 30 postos de cadastramento, o registro alemão conta hoje com mais de 3 milhões de cadastrados e foi fonte de doadores para 4.300 transplantes no último ano, 2.700 deles procedimentos em pacientes de outros países.
Para Müller, o grande diferencial do registro alemão é a forma de remuneração dos centros de recrutamento, que são bonificados pelo cadastro, como também acontece no Brasil. “Os centros são estimulados a cumprir metas de qualidade criadas pelo registro e recebem bônus quando ficam dentro dos parâmetros estabelecidos”, explicou. O alemão ainda destacou a importância de ser traçado o perfil de cada cadastrado. O objetivo seria aumentar a eficiência do registro, promovendo campanhas em regiões onde ainda não exista grande número de doadores. “Depois que o registro alcança um grande número de doadores, é preciso evitar cadastrar mais perfis que nunca são usados e também evitar a repetição dos mesmos perfis”, finalizou Müller.
O levantamento do perfil dos doadores brasileiros já está sendo traçado. Este foi um dos pontos apresentados por Luis Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que mostrou os avanços mais recentes da área no país. O diretor afirmou que no Brasil a rede de captação de doadores é complexa, com envolvimento de instituições públicas, mas ligadas a diferentes níveis de governo. Apesar das dificuldades, o Brasil já conta com 52 centros de transplante – 15 deles fazendo o transplante não-aparentado -, 42 laboratórios de imunogenética e 48 pontos de cadastramento de doadores, entre hemocentros e hemonúcleos.
Segundo Bouzas, a rede de transplante do país ainda é muito focada no Sul e no Sudeste. Daí a necessidade de expansão do trabalho para as demais regiões. “Hoje, com mais de um milhão de doadores no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), as chances de um paciente encontrar um doador no Brasil é de 53%”, disse. Para os pacientes que ainda não conseguem doador no REDOME, as buscas são realizadas nos registros de outros países. Desde o início da atividade de transplante de medula óssea no Brasil, há 30 anos, já foram realizados 16.000 procedimentos.
FONTE:INCA

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