Nem mesmo a família entende a reação. O pai da assistente social Luciana Lopo, torturada pelo professor de educação física Adalberto França Araújo Filho na casa onde moravam, não escondeu a preocupação com o depoimento da filha.
“Ela aliviou para o lado dele. Ele, pelo contrário, procurou denegrir a imagem dela, afirmando que ela se insinuava para outros homens. E ela aqui nessa situação, preocupada com a filha dele”, afirmou.
A dor das feridas ou da humilhação, por vezes, não é suficiente para superar a combinação entre baixa autoestima e autênticos laços afetivos. Para especialistas, é possível estabelecer um padrão de comportamento nas mulheres em situação de violência.
Segundo pesquisa da Vara de Violência Contra a mulher, 60% das mulheres vítimas de violência conviviam com as agressões do companheiro há mais de um ano.
A sabedoria popular acerta ao afirmar que “no começo tudo são flores”. Nessa fase, o casal vive em harmonia. Então, fatores imponderáveis - como o perfil psicológico e o histórico dos amantes - entram em cena. Mas o ciúme é quase sempre o estopim. “Começa com uma coisa mínima, proibição de uma roupa, um batom, até a proibição da vida social. A mulher com autoestima baixa entende o ciúme erradamente como uma manifestação de amor, e isso vai crescendo até chegar na violência física”, alerta a psicóloga Luciana.
As agressões motivadas pelo ciúme ajudam a reduzir a autoestima da mulher, o que torna mais difícil para ela romper o relacionamento. Após a agressão, é comum o homem vir com promessas: “Nunca mais eu faço isso” ou “foi a bebida”.
Se for perdoado, a mulher corre o risco de retornar ao primeiro ponto do ciclo e está sujeita a se submeter novamente às mesmas experiências. “Muitas vezes o homem é um bom pai, bom cidadão, tem amigos, apesar da violência contra a mulher”, conta Luciana.
Metade das vítimas perdoa agressores. Perdoa pela questão do sentimento. Ela gosta, ama ou é pai dos filhos dela, existe ainda a questão da dependência econômica.Há também o medo que as vítimas sentem do agressor, além da vergonha pela exposição social. Calcula-se que 30% das vítimas do crime de ameaça desistam de prosseguir com a ação penal.
A assistente social Luciana Lopo, 31, torturada pelo professor Adalberto França Araújo Filho, 39, afirmou em depoimento à polícia que não quer que ele seja preso por conta da filha de 6 anos que ele tem com outra mulher.
Fonte: Redação CORREIO
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