terça-feira, 14 de julho de 2009

UnB comprova que sífilis é vilã de abortos espontâneos

Estudo da UnB comprova que a sífilis aumenta o risco de aborto. Foram ouvidas 30 mil mulheres, das quais 7 mil declararam já ter sofrido aborto.
Essas gestantes foram submetidas a exames e constatou-se que 35,3% delas tinham a doença. Cerca de 80% das gestantes que não se trataram transmitiram a doença para o feto, que pode causar lesões irreversíveis e aumentar o risco de o bebê morrer nos primeiros dias após o nascimento.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível de tratamento simples: duas doses de antibióticos são suficientes para curar a doença. No entanto, muitas mulheres a possuem sem saber.

Segundo o pesquisador Fernando Saab, o desconhecimento sobre a sífilis é grande, especialmente em comunidades carentes. “Falta divulgação sobre os riscos da sífilis para a gestante. Precisamos diagnosticá-la precocemente”, afirma.
O autor da dissertação de mestrado em Ciências da Saúde Prevalência de sífilis em gestantes que abortaram atendidas pelo Programa de Proteção à Gestante-PPG do Estado de Sergipe, de 2005 à 2007, defendida em fevereiro de 2009, afirma que o Brasil oferece exames e tratamento.

No entanto, muitas gestantes que têm a doença moram em locais distantes e não têm dinheiro para locomoção ou procuram atendimento médico tarde demais. “Falta universalizar o exame, fazer com que ele chegue a todas as mulheres”, defende.

DOENÇA – A sífilis causa lesões e ulcerações nas áreas genitais. É transmitida por meio de relação sexual ou passada de mãe para filho. Na América Latina, há cerca de 3 milhões de indivíduos adultos com a doença, segundo dados do Datasus, banco de dados do Sistema Único de Saúde.
A Organização Mundial de Saúde estima um caso de sífilis congênita para cada 1 mil nascidos vivos. O estudo identificou uma incidência 13 vezes maior que a divulgada pela OMS: uma média de 13,7 bebês infectados a cada mil nascidos. Para o pesquisador, é preciso combater o contágio promovendo tratamento especialmente antes da 12ª semana da gravidez, quando há o maior risco de aborto. “A virulência é muito forte nos três primeiros meses de vida”, diz.
Para Saab, é preciso realizar mais campanhas contra a sífilis, incentivando o uso de preservativos e a realização de exames preventivos.

Nos últimos cinco anos, mais de 17 mil casos de sífilis congênita foram submetidos a tratamento hospitalar no Brasil, gerando gastos na ordem de R$ 7 milhões. "É mais vantajoso investir em assistência à gestante e prevenção da doença congênita", ressalta.

METODOLOGIA – O estudo identificou a relação entre sífilis, aborto espontâneo e distribuição espacial dos casos. A pesquisa analisou 39.807 mulheres grávidas, de 73 municípios atendidos pelo Programa de Proteção à Gestante (PPG) do Estado de Sergipe, entre 2005 e 2007.
Do total, 7.538 mulheres afirmaram ter sofrido aborto, a maioria com idade entre 20 e 29 anos. Os testes diagnosticaram a doença em 35% das mulheres. Estância, Itabaiana e Nossa Senhora do Socorro figuram como os municípios com maior incidência da doença. A cidade de Estância registrou o maior número de casos da doença e de abortos.
Segundo o professor do Instituto de Biologia e da Faculdade de Saúde Carlos Alberto Bezerra Tomaz, orientador do estudo, a incidência da sífilis pode ser ainda maior, já que 14 mil mulheres não responderam se haviam abortado. Apenas as gestantes que afirmaram ter passado pela essa situação fizeram exames para diagnosticar a sífilis. “Há mulheres que não gostam de relatar o aborto. Outras podem não ter respondido por medo, ainda que se garanta sigilo da informação”, diz.
Para o professor, o índice de sífilis em 35% das mulheres que já abortaram é assustador. “É preciso chamar a atenção dos serviços de saúde pública para que se tenha um programa efetivo de controle da sífilis no Estado de Sergipe”, afirma.

fonte:UnB Agência

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