Busca cada vez maior por circuncisões contrasta com recursos de combate do governo africano.
Milhares de jovens vão à única clínica para circuncisões na África do Sul. Cada um deita em uma das sete mesas de cirurgia próximas umas das outras e separadas apenas por um pano verde.
- Fiz 53 em um dia de trabalho de sete horas - conta Dino Rech, médico que ajudou a criar o espaço altamente eficiente para realizar cirurgias nessa clínica financiada por franceses.
A circuncisão mostrou que reduz o risco de um homem de contrair HIV por mais da metade. Ainda assim, dois anos depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendar a cirurgia, o governo do país ainda não a oferece para ajudar a combater a doença ou educar o povo sobre seus benefícios.
Outros países africanos estão oferecendo o procedimento a milhares de pessoas. Mas na África do Sul, país central no coração da epidemia, o governo tem mantido silêncio sobre a questão, apesar das duras críticas internacionais que o país tem enfrentado por fracassar em combater e tratar a AIDS.
- Países ao nosso redor com menos recursos, tanto humanos quanto financeiros, são capazes de atingir mais - observa Quarraisha Abdool Karim, o primeiro diretor do programa nacional da África do Sul de combate a AIDS, iniciado durante o governo do presidente Nelson Mandela. - Eu queria entender por que a África do Sul, com uma quantidade invejável de recursos, não é capaz de responder à epidemia da forma como Botsuana e Quênia o fazem.
Mesmo sem envolvimento do governo, a demanda pela cirurgia, feita de forma gratuita com anestesia local, aumentou no ano passado na clínica de Orange Farm. Ainda assim, os homens recebem conselhos para continuar a usar camisinhas, uma vez que a circuncisão protege parcialmente.
Os homens costumam aguardar nervosos. A maioria esperava que o procedimento os ajudasse a ficar saudáveis no país com mais pessoas infectadas pelo HIV do que qualquer outro. Mas alguns admitiram ter outra motivação surpreendente e poderosa: ouviram de amigos recém-circuncidados que o sexo melhorou. Eles dizem que dura mais, que as amantes acham que o cara é mais limpo e excitante na cama.
- Minha namorada estava me perturbando para fazer isso - lembra Shane Koapeng, 24 anos. - Então resolvi fazê-lo.
Como novas infecções por HIV continuaram a superar os esforços para tratar os doentes na África, aumenta a preocupação com a elevação dos custos do tratamento para um número cada vez maior de pacientes que precisam de remédios para o resto de suas vidas. Quase 2 milhões de pessoas foram infectadas em 2007 na África Subsaariana, aumentando o total dos que vivem com HIV na região para 22 milhões, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas.
Os grandes doadores internacionais para programas de AIDS, incluindo os Estados Unidos e o Fundo Global para a Luta contra AIDS, Tuberculose e Malária, estão prontos para fornecer dinheiro para circuncisão dos homens, mas os países têm de estar prontos para aceitar a ajuda.
- Você não pode impor isso estando de fora, particularmente uma intervenção tão sensível co-mo essa - observa o diretor-executivo do Fundo Global, Michel Kazatchkine.
Médicos da área de saúde pública concordam que circuncidar milhões de homens não será tarefa simples. A África sofre com falta de médicos e enfermeiras, e a circuncisão é potencialmente um campo minado político e cultural em países onde alguns grupos étnicos a praticam, mas outros não.
Projeto
Ainda assim, alguns países estão mostrando que pode ser feito. Em Botsuana, a circuncisão foi amplamente interrompida no fim do século 19 e início do 20 pelos missionários cristãos e administradores britânicos da era colonial. Mas Festus Mogae, presidente de 1998 a 2008, forneceu uma aprovação fundamental da circuncisão masculina antes de deixar o cargo.
No ano passado, o governo treinou equipes médicas para fazer circuncisões em todos os hospitais públicos e pretende até 2016 ter circuncidado 470 mil homens desde a infância até a idade de 49 anos - o que corresponde a 80% do número total nesse grupo.
Fonte: Jornal do Brasil - RJ
Milhares de jovens vão à única clínica para circuncisões na África do Sul. Cada um deita em uma das sete mesas de cirurgia próximas umas das outras e separadas apenas por um pano verde.
- Fiz 53 em um dia de trabalho de sete horas - conta Dino Rech, médico que ajudou a criar o espaço altamente eficiente para realizar cirurgias nessa clínica financiada por franceses.
A circuncisão mostrou que reduz o risco de um homem de contrair HIV por mais da metade. Ainda assim, dois anos depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendar a cirurgia, o governo do país ainda não a oferece para ajudar a combater a doença ou educar o povo sobre seus benefícios.
Outros países africanos estão oferecendo o procedimento a milhares de pessoas. Mas na África do Sul, país central no coração da epidemia, o governo tem mantido silêncio sobre a questão, apesar das duras críticas internacionais que o país tem enfrentado por fracassar em combater e tratar a AIDS.
- Países ao nosso redor com menos recursos, tanto humanos quanto financeiros, são capazes de atingir mais - observa Quarraisha Abdool Karim, o primeiro diretor do programa nacional da África do Sul de combate a AIDS, iniciado durante o governo do presidente Nelson Mandela. - Eu queria entender por que a África do Sul, com uma quantidade invejável de recursos, não é capaz de responder à epidemia da forma como Botsuana e Quênia o fazem.
Mesmo sem envolvimento do governo, a demanda pela cirurgia, feita de forma gratuita com anestesia local, aumentou no ano passado na clínica de Orange Farm. Ainda assim, os homens recebem conselhos para continuar a usar camisinhas, uma vez que a circuncisão protege parcialmente.
Os homens costumam aguardar nervosos. A maioria esperava que o procedimento os ajudasse a ficar saudáveis no país com mais pessoas infectadas pelo HIV do que qualquer outro. Mas alguns admitiram ter outra motivação surpreendente e poderosa: ouviram de amigos recém-circuncidados que o sexo melhorou. Eles dizem que dura mais, que as amantes acham que o cara é mais limpo e excitante na cama.
- Minha namorada estava me perturbando para fazer isso - lembra Shane Koapeng, 24 anos. - Então resolvi fazê-lo.
Como novas infecções por HIV continuaram a superar os esforços para tratar os doentes na África, aumenta a preocupação com a elevação dos custos do tratamento para um número cada vez maior de pacientes que precisam de remédios para o resto de suas vidas. Quase 2 milhões de pessoas foram infectadas em 2007 na África Subsaariana, aumentando o total dos que vivem com HIV na região para 22 milhões, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas.
Os grandes doadores internacionais para programas de AIDS, incluindo os Estados Unidos e o Fundo Global para a Luta contra AIDS, Tuberculose e Malária, estão prontos para fornecer dinheiro para circuncisão dos homens, mas os países têm de estar prontos para aceitar a ajuda.
- Você não pode impor isso estando de fora, particularmente uma intervenção tão sensível co-mo essa - observa o diretor-executivo do Fundo Global, Michel Kazatchkine.
Médicos da área de saúde pública concordam que circuncidar milhões de homens não será tarefa simples. A África sofre com falta de médicos e enfermeiras, e a circuncisão é potencialmente um campo minado político e cultural em países onde alguns grupos étnicos a praticam, mas outros não.
Projeto
Ainda assim, alguns países estão mostrando que pode ser feito. Em Botsuana, a circuncisão foi amplamente interrompida no fim do século 19 e início do 20 pelos missionários cristãos e administradores britânicos da era colonial. Mas Festus Mogae, presidente de 1998 a 2008, forneceu uma aprovação fundamental da circuncisão masculina antes de deixar o cargo.
No ano passado, o governo treinou equipes médicas para fazer circuncisões em todos os hospitais públicos e pretende até 2016 ter circuncidado 470 mil homens desde a infância até a idade de 49 anos - o que corresponde a 80% do número total nesse grupo.
Fonte: Jornal do Brasil - RJ
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