"A ideia do aborto em si não é a solução ideal ou mais humana para solucionar uma gravidez indesejada ou um possível parto de alto risco. Porém, no Brasil, as mães são cada vez mais meninas, sem nenhum tipo de planejamento, e que não estão sequer preparadas física, psíquica e materialmente para conceber e formar um novo ser.
O crescente número de gravidez na adolescência não deveria ser justificativa para adoção legal do aborto. Mas a prática, será que a descriminalização do aborto não pouparia muito sofrimento e atos tão desumanos quanto o próprio aborto? Do peso que é a brusca interrupção de uma infância/adolescência para as meninas ao assustador crescimento de casos em que bebês são encontrados em lixos, córregos, esgotos, etc.
O direito à vida é um fato. Em nenhum momento isso é questionável. Mas me parece um tanto cômodo defender tão acintosamente a vida e depois não se preocupar ou não prever em que condições aquele ser humano subsistirá. Se vai ter onde morar, o que comer, o que vestir. Nem vou falar de educação, afeto, lazer, família, etc.
Por que será que as camadas mais pobres em aglomerados urbanos são zonas férteis para proliferação da marginalidade?
Há algum tempo li numa dessas revistas semanais uma pesquisa sobre a taxa de natalidade na cidade do Rio de Janeiro, onde ficou constatado que nas famílias da classe A\B a taxa de natalidade se compara ao de países europeus, dificilmente ultrapassando mais de dois filhos por família. Enquanto na periferia esse número segue a linha dos países pobres da África. Aqui, já nos defrontamos com uma outra rede de fatores de ordem política e estrutural que vem de longas datas, mas que não podemos ignorar no exame do atual contexto social do Brasil. E culpar essa parcela da população seria muito cômodo.
Outro fator inegável é que ilegal ou não, milhares de mulheres se submetem a procedimentos clandestinos para realizar o aborto sem condições mínimas de segurança. Muitas morrem.
É claro que devemos ter cuidado para que a descriminalização do aborto não o torne um método contraceptivo como outro qualquer. Deve ser realizado mediante processos que não permitam a banalização à licença de abortar. Regulamentado por lei, tudo isso poderia ser mais simples.
Enfim, já ultrapassamos a questão de ser a favor ou contra, de seguirmos ou não nossos preceitos religiosos. Mas de sermos pragmáticos em face da atual situação de milhares de mulheres brasileiras."
O crescente número de gravidez na adolescência não deveria ser justificativa para adoção legal do aborto. Mas a prática, será que a descriminalização do aborto não pouparia muito sofrimento e atos tão desumanos quanto o próprio aborto? Do peso que é a brusca interrupção de uma infância/adolescência para as meninas ao assustador crescimento de casos em que bebês são encontrados em lixos, córregos, esgotos, etc.
O direito à vida é um fato. Em nenhum momento isso é questionável. Mas me parece um tanto cômodo defender tão acintosamente a vida e depois não se preocupar ou não prever em que condições aquele ser humano subsistirá. Se vai ter onde morar, o que comer, o que vestir. Nem vou falar de educação, afeto, lazer, família, etc.
Por que será que as camadas mais pobres em aglomerados urbanos são zonas férteis para proliferação da marginalidade?
Há algum tempo li numa dessas revistas semanais uma pesquisa sobre a taxa de natalidade na cidade do Rio de Janeiro, onde ficou constatado que nas famílias da classe A\B a taxa de natalidade se compara ao de países europeus, dificilmente ultrapassando mais de dois filhos por família. Enquanto na periferia esse número segue a linha dos países pobres da África. Aqui, já nos defrontamos com uma outra rede de fatores de ordem política e estrutural que vem de longas datas, mas que não podemos ignorar no exame do atual contexto social do Brasil. E culpar essa parcela da população seria muito cômodo.
Outro fator inegável é que ilegal ou não, milhares de mulheres se submetem a procedimentos clandestinos para realizar o aborto sem condições mínimas de segurança. Muitas morrem.
É claro que devemos ter cuidado para que a descriminalização do aborto não o torne um método contraceptivo como outro qualquer. Deve ser realizado mediante processos que não permitam a banalização à licença de abortar. Regulamentado por lei, tudo isso poderia ser mais simples.
Enfim, já ultrapassamos a questão de ser a favor ou contra, de seguirmos ou não nossos preceitos religiosos. Mas de sermos pragmáticos em face da atual situação de milhares de mulheres brasileiras."
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Autor:GILSON DULTRA, formado em Relações Públicas pela UCSal e membro do NURP
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