quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pastoral da Aids contraria dogma religioso e defende uso de camisinha

Sendo considerado um dos maiores dogmas religiosos, o uso da camisinha já vem vencendo barreiras até mesmo entre os católicos. Padres, freiras e freis integrantes de entidades como a Pastoral da Aids – que está no Sudoeste, distribuem preservativos para a população vulnerável, além de realizar exames e palestras, algo que até há pouco tempo poderia ser tachado de sensacionalista. De acordo como frei Pedro Brondani, a igreja apóia as ações do governo no enfrentamento às doenças sexualmente transmissíveis, fato que encontra-se no documento 87/144 da CNBB de maio de 2008. “A prevenção é apoiada pela igreja, tendo em vista que esse é um compromisso para com a saúde das pessoas e damos a nossa contribuição até além do que faz o estado, pois a igreja entra aonde o governo não entra”, conta o frei, que é de Curitiba, mas percorre todo o estado na batalha para erradicar a Aids. O tema, que ainda é um tabu para muitos católicos é defendido pela Pastoral da Aids através de palestras em escolas e grupos de idosos através de uma linguagem direta e de fácil compreensão. Além disso, exames para detectar o vírus e distribuição de preservativos marcam a sua atuação em vários estados do Brasil, principalmente no Paraná.A epidemia da Aids é uma realidade desde 1980. Muitas pessoas, organizações e setores da sociedade empenham suas energias há muitos anos no controle da doença. Esta realidade e a necessidade de envolver um número sempre maior de forças para lutar contra a doença aproximou também o Ministério da Saúde e a Igreja com a finalidade de contribuir na luta contra este malefício da sociedade. “O objetivo da Pastoral da Aids é trazer informações sobre isso, que já podemos chamar de pandemia, além de conscientizar a população para que proteja-se e realize o exame, pois ninguém está imune ao HIV”, explica o frei. É com esta missão, que a pastoral está percorrendo neste mês de junho todo o Sudoeste. A rota teve início em Palmas, passando por outros municípios como Clevelândia, Pato Branco e desde a última quinta-feira, 12 está no Calçadão Central em Francisco Beltrão, local onde ficará até amanhã para partir à Barracão e toda a região de fronteira. O trabalho desenvolvido pela pastoral é de extrema relevância, pois segundo o frei Pedro Brondani, foram realizados mais testes de HIV pelo ônibus do que nos pontos de saúde pública. Somente na passagem por Pato Branco foram 238 testes, sendo que lá, mais de dez mil pessoas foram atingidas pela pastoral. “Os teste que demoram em média quatro meses, aqui são feitos em três dias”, informa o frei, que também faz um alerta para que a prevenção seja estimulada. “A doença não escolhe classe, cor, religião. O HIV está ai e nós podemos conviver com ele sem saber. Nós somos responsáveis pela escolha dos métodos de prevenção e devemos fazê-lo da melhor maneira”, orienta. O logotipo que representa a pastoral une dinamicamente dois símbolos de solidariedade: a cruz e o laço. A cruz representa a solidariedade de Deus com a humanidade. Por ela, a vida vence a morte. O laço vermelho é símbolo internacional da luta contra a Aids. Unidos, estes símbolos, procuram expressar o compromisso da igreja com quem é portador do HIV e com aqueles que também trabalham na prevenção de novas infecções.

Por Leandro Czerniaski - Site:aquisudoeste

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